terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Salvador depois da Folia
















Nesse final de semana, retornei à cidade de Salvador a trabalho e pude curtir a cidade pós-carnaval, sem trios elétricos, sem a sujeira produzida por essa festa tão popular, sem a imensa massa de turístas que desembarcam por lá para curtir a trilogia do samba, suor e cerveja (ou melhor, trio-elétrico, praia e cerveja). Com isso a cidade me revelou um lado que a anos vem crescendo: a criatividade, ousadia e tecnologia da arquitetura soteropolitana. Como arquiteto, não pude ficar impassível à mais nova aquisição dos baianos: o Salvador Shopping. O projeto extremamente criativo e inovador, abusa das estruturas geodésicas, da leveza do aço, da miscelânia de materiais como a madeira, o granito, o ferro, o vidro, todos em perfeita sintonia. É impossível não caminhar pelo prédio sem admirar as formas estruturais da cobertura do mesmo, a escada principal (totalmente em balanço), tornando-a uma escultura tubular (fantástica). A iluminação (com criativas luminárias) são um show à parte. O terraço da praça de alimentação brinda os visitantes com uma bela vista do mar. Parabenizo meus colegas de profissão pelo excelente trabalho executado. São projetos como esse que me deixam com a certeza de ter escolhido a profissão de Arquiteto. O macaquinho na sequência das fotos faz um paralelo da natureza com a arquitetura baiana (eles sempre estão presentes nas árvores das ruas da cidade) mostrando um respeito aos nossos amiguinhos que continuam a ter onde morar. Show de bola.
Fotos:Dênis Sarges

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

"Não se constrói o Futuro enterrando a História"



Com essa frase estampada logo na frente do último carro alegórico da Viradouro, o carnavalesco Paulo Barros pôs um fim a polêmica sobre o carro "O Holocausto", que foi vetado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a pedido da Federação Israelita da mesma cidade. Paulo Barros não foi o primeiro carnavalesco a ser censurado no carnaval carioca. Joãosinho Trinta, no carnaval de 1989, foi proibido de levar para a avenida o Cristo Redentor vestido de mendigo, tema emblemático do carnavalesco, que cobriu seu carro alegórico com plástico preto e uma enorme faixa onde se lia "Mesmo censurado, Rogai por nós". Fantástico.

O carnavalesco da Viradouro teve que desmontar seu carro alegórico na quinta-feira, data da liminar da Justiça, somente comentando que daria tempo de refazê-lo (somente três dias antes do desfile oficial).

A Federação Israelita do Rio de Janeiro conseguiu nesta quinta-feira uma liminar que proíbe o carro alegório da Viradouro que exibiria um figurante fantasiado de Hitler e alegorias representando corpos de judeus mortos no desfile da Viradouro.

"Comemoramos a decisão. Não poderíamos permitir uma pessoa representando Hitler vivo acima dos corpos de judeus mortos", informou a assessoria de imprensa da Federação.

A liminar foi concedida pela juíza de plantão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Juliana Kalichsztein. Em comunicado oficial, a Federação afirmou que não permitirá que haja a banalização do Holocausto, nem o desrespeito à memória de suas vítimas.
Síntese do Despacho
"Um evento de tal magnitude apesar de, em sua essência, pretender passar alegria, descontração e alertar a população sobre fatos importantes que ocorreram e ocorrem através dos anos, não deve ser utilizado como ferramenta de culto ao ódio, qualquer forma de racismo, além da clara banalização dos eventos bárbaros e injustificados praticados contra as minorias, especialmente cerca de seis milhões de judeus (diga-se, muitos ainda vivos), e liderados por figura execrável chamada Adolf Hitler". (Juíza Juliana Kalichsztein)

Depoimentos:

"Eu não censuraria nenhum tipo de arte, mas não me parece ser de bom gosto. Acho que não deveriam ser colocadas coisas que não abrilhantam o Carnaval, que é um momento de alegria. Eu acho que eles (os carnavalescos) deveriam se limitar a coisas positivas, deixando tragédias de lado". (Rubem Medina - Secretário Municipal de Turismo do Rio de Janeiro)
"O carnavalesco Paulo Barros demonstrou insensibilidade. O fato de tentar planejar este carro mostra que não houve outra preocupação além da estética".(Sérgio Niskier - Presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro - Fierj)
"Achamos importante o tema do Holocausto ser tocado em qualquer lugar, mas misturar com Carnaval é inadequado". (Rafael Singer - Primeiro Secretário de Israel)
"Não digo que foi uma censura, mas a nossa intenção foi cerceada, de certa forma".(Marco Lira - Presidente da Viradouro)
"É absolutamente justo. Essa é uma marca muito forte, devastadora na história da humanidade. Aquele foi um episódio que atingiu milhões de almas, não pode ser tratado de maneira superficial em uma festividade frívola como o Carnaval".(Dom Filippo Santoro - Bispo de Petrópolis/ RJ)
"A coisa foi feita como forma de alerta para que uma tragédia como a que aconteceu não se repita. A coisa está sendo divulgada como se fosse um ato agressivo de minha parte. Na verdade, a liberação do Abre-Alas no site da LIESA, acabou fazendo com que tivessem uma interpretação errada da alegoria. O Corintho, que desfilaria no carro representando Hitler, iria fazer uma interpretação de culpa pelo massacre. Eu lamento que as pessoas prefiram fechar os olhos para um fato histórico da gravidade do Holocausto e tenham preferido banalizar o alerta que eu tinha preparado para mostrar no desfile da Viradouro". (Paulo Barros - carnavalesco da Viradouro)
"A Viradouro subverte a tristeza e desnuda o horror da intolerância. O cerceamento da liberdade de expressão é o terreno mais fértil para que proliferem a violência, o desrespeito, a brutalidade, o extermínio".(Nota Oficial divulgada à imprensa pela Escola de Samba Viradouro, assinada por Paulo Barros)

E Viva a "Liberdade de Expressão" de nosso "Democrático" País.
Foto 01: Carlos Moraes/O DIA
Foto 02: André Müzell/ Futura Press

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Meu amor a Janaína

(pintura de NINO/07)

" Janaína
Estava na beira da praia
Vendo o balanço do mar
Quando vi uma lida sereia
E eu comecei a cantar
Ô Janaína vem ver
Ô Janaína vem cá
Receber estas flores Que eu vou te ofertar. "
(Domínio Público)

Janaina: Esse é um dos nomes de Iemanjá, a deusa do mar e protetora das mães e das esposas. Indica uma pessoa que, num primeiro momento, dá a impressão de ser arrogante. Mas por trás dessa aparência esnobe se esconde uma personalidade bondosa e protetora. Do tupi-africano "sinônimo de Iemanjá".
Minha homenagem , meu respeito, minha admiração,
OBRIGADO MÃE IEMANJÁ.

Carnaval, Salvador, Ivete e muita alegria







Carnaval chegou e com ele a maior folia de rua do país: Carnaval em Salvador. Mais de um milhão de pessoas nas ruas com um só objetivo - diversão. Experiência indescritível, convite a todos que são apaixonados por essa festa popular. E como diz a música: "Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu...". Um presente que recebi ao visitar a Igreja do Bonfim quando minha rainha Ivete Sangalo (tentando não chamar atenção) pedia e agradecia as bençãos do Nosso Senhor do Bonfim.
(fotos feitas durante a passagem dos trios de Bel e Banda Eva no Campo Grande - um sufoco)




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Ver-o-Peso, Principal cartão postal de Belém, Uma das Sete Maravilhas Brasileiras


Belém, que completou 392 anos no último dia 12, ganhou mais um presente. O seu principal cartão postal, o Complexo Ver-o-Peso, acaba de ser selecionado pela Revista Caras . e pelo HSBC como uma das Sete Maravilhas Brasileiras. Mais de meio milhão de pessoas participaram da votação que durou três meses. Anônimos e personalidades entraram na disputa que envolveu 30 espaços turísticos em todo o Brasil e terminou no último dia 31 de dezembro. Entre os eleitores de Belém estava a cantora e atriz paraense Fafá de Belém, que, em entrevista para a Revista Caras, declarou que "votaria até cinco vezes se preciso" por que o Ver-o-Peso sintetiza "a mistura da cultura européia com a tradição cabocla, bem no meio da Amazônia". E por falar em Amazônia, são quatro os finalistas na Região Norte: o Ver-o-Peso, em Belém (Pará); a Fortaleza do São José, de Macapá (Amapá); o Conjunto Arquitetônico da Natividade, em Palmas (Tocantins); e o Teatro Amazonas, em Manaus (Amazonas). São Paulo elegeu a Catedral da Sé e o Rio Grande do Norte elegeu a Fortaleza dos Reis Magos, em Natal. Já em Minas Gerais o finalista foi o Centro Histórico de Ouro Preto. Cada pessoa que participou da votação concorreu a uma viagem com tudo pago por uma das Sete Maravilhas Brasileiras. O resultado com os sete contemplados acontece dia 1º de fevereiro.

Barraca de ervas e banhos, característica do Ver-o-Peso

Segundo Wady Khayat, titular da Coordenadoria Municipal de Turismo (Belemtur), "o resultado é um presente para Belém e um reconhecimento pelo cuidado que a cidade tem com seu patrimônio histórico", diz. Ele explica que "a escolha é também um banho de auto-estima no paraense para que valorize cada vez mais suas riquezas, seus espaços turísticos". Ele adianta que o sortudo ou sortuda que vier conhecer o Ver-o-Peso chegará aqui em plena folia de carnaval e vai se encantar com o que a capital paraense tem a oferecer nesse período. Além das cores e sabores de frutos e comidas típicas, a historia e a riqueza do Ver-o-Peso, encontrará o aconchegante Ver-o-Rio, o Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, o Parque Ambiental de Belém, a Estação das Docas, Mangal das Garças, Complexo Feliz Lusitânia, Hangar- Centro de Convenções da Amazônia, Pólo Joalheiro e tantos outros espaços que abrigam a nossa cultura, artesanato, gastronomia, entre os diversos produtos. A pesquisa da Revista Caras e do HSBC iniciou logo depois da escolha das Sete Maravilhas do Mundo, que incluiu o Cristo Redentor entre elas. A escolha das Sete Maravilhas Brasileiras chegou aos 30 concorrentes a partir de uma pesquisa que elencou alguns lugares do Brasil e submeteu a uma votação interna. Levou em conta a beleza arquitetônica de cada espaço, a importância histórica, entre outros fatores relevantes para os brasileiros e para os visitantes. Conheça o Ver o Peso: uma das Sete Maravilhas Brasileiras Guardião de um rico patrimônio histórico e arquitetônico, o Ver-o-Peso completa 391 anos de fundação no dia 27 de março. Sua arquitetura, característica da segunda metade do século XVII, é herança da belle époque, quando a influência européia, em especial da França e Portugal, se acentuou graças aos lucros obtidos com o Ciclo da Borracha. Com o látex que jorrava das seringueiras também jorrava a fortuna que permitia importar do outro lado do mundo o ferro, as pedras, as lajotas e o estilo que mudou a imagem e a história de Belém. Os traços dessa herança podem ser vistos em todo o centro histórico. Já o mercado, até hoje a céu aberto, foi construído para fortalecer o controle alfandegário na Amazônia, com o nome de "A Casa do Haver-o-Peso", além de posto de fiscalização e tributos. Com o passar do tempo foi agregando outras funcionalidades, passando por um processo de hibridez cultural e arquitetônica. O Ver-o-Peso também se reflete na economia da região e no movimento de pessoas no local. Cerca de R$ 1,3 milhão são injetados diariamente na economia paraense na comercialização de diversos tipos de produtos. Em volume de pessoas, em torno de um milhão e meio, entre consumidores e trabalhadores circulam no local por mês, 50 mil/dia. Os dados são da Secretaria Municipal de Economia (Secon), responsável pelo gerenciamento do espaço. O Complexo é formado pelas feiras livres do Açaí e do Ver-o-Peso, Pedra do Peixe, os mercados de Peixe e de Carne, além do estacionamento.

A Feira do Açaí, no Complexo Ver-o-Peso

Para o secretário municipal de Economia, João Amaral, o Ver-o-Peso representa a própria alma do paraense. "Um povo muito simples, hospitaleiro, mas muito trabalhador. O Ver-o-Peso não dorme nunca, o trabalho é ininterrupto. É de madrugada, quando chega o grande volume de pescado e de outras mercadorias como frutos regionais, que o fluxo de trabalhadores do setor atacadista e varejista é maior. Mas em qualquer horário que passarmos por lá veremos movimento. Se formos de madrugada, o grande fluxo de pessoas é na Feira do Açaí e na Pedra do Peixe; se for pela manhã é na Feira do Ver-o-Peso; no final da tarde o movimento é na orla, nas barracas de artesanato. Mas sempre há alguém trabalhando no local", explica. O Complexo do Ver-O-Peso é considerado o maior entreposto de pescado e de açaí do Pará. A Feira do Açaí recebe o maior volume do fruto na região, algo em torno de 5 milhões de toneladas/mês, grande parte vindos da região ribeirinha e Arquipélago do Marajó. Em 2007 foram comercializados na feira mais de 51 milhões de toneladas do fruto.

Mercado de Peixe, com o pescado que chega, todo dia, na Pedra do Peixe

Cerca de 80 toneladas/dia de diversos tipos de pescado desembarcam na Pedra do Peixe. O local é o maior entreposto de pescado fluvial e marítimo da região Norte e está entre os mais movimentados do país. O peixe vendido na Pedra é oriundo principalmente da região do Baixo-Amazonas, área costeira paraense e Marajó. Somente na Feira do Ver-o-Peso trabalham mais de cinco mil pessoas, em 1.250 barracas, distribuídas em 19 setores, que vão desde hortifrutigranjeiros, importados, mercearia, refeição, a peixe seco, artesanato e ervas medicinais. A capital paraense possui, ao todo, 42 feiras livres, 18 mercados e quatro portos. Gastronomia - O chef de cozinha Paulo Martins foi um dos primeiros paraenses a exportar a imagem do Ver-o-Peso associando à riqueza gastronômica. O criador do Projeto Ver-o-Peso da Cozinha Paraense, maior evento de gastronomia da Amazônia, comemora a escolha pela Revista Caras. "Acho mais do que justo. O Ver-o-Peso desperta hoje a atenção do meio gastronômico internacional por uma curiosidade: é um espaço aberto, com uma das maiores variedades de peixes e frutos e temperos. Em tempos de badalação da Amazônia, ele ocupa uma posição de destaque e desperta a atenção do mundo já que a Amazônia é a bola da vez", comemora Paulo Martins, que já confirmou a próxima edição do Ver-o-Peso da Cozinha Paraense para 22 a 29 de abril, quando a cidade receberá os melhores chefs do Brasil e do mundo.

Texto: Benigna Soares e Ieda Ferreira - Assessoria de Imprensa da Belemtur e Secon
Fotos: Acervo da Comus
Edição: Comus

BOM DIA BELÉM



















"Há muito que aqui no meu peito
Murmuram saudades azuis do teu céu
Respingos de orvalho me acordam
Luando telhados que a chuva cantou
O que é que tens feito, que estás tão faceira
Mais jovem que os jovens irmãos que deixei
Mais sábia que toda a ciência da terra
Mais terra, mais dona, do amor que te dei
Onde anda meu povo, meu rio, meu peixe
Meu sol, minha rede, meu tamba-tajá
A sesta, o sossego na tarde descalça
O sono suado do amor que se dá
E o orvalho invisível da flor se espalhando
Cantando cantigas e o vento soprando
Um novo dia vai enunciando, mandando e
Cantando cantigas de lá

Me abraça apertado que eu vou chegando
Sem sol e sem lua, sem rio e sem mar
Coberta de neve
Levada no pranto dos rios que correm
Cantigas no ar
Onde anda meu barco de vela azulada
De foi depenada sumindo sem dó
Onde anda a saudade da infância na grama
Dos campos tranquilos do meu Marajó
Belém, minha terra, meu rio, meu chão
Meu sol de janeiro a janeiro, a suar
Me beija, me abraça que eu
Quero matar a imensa saudade
Que quer me acabar
Sem Círio de virgem, sem cheiro cheiroso
Sem a chuva das duas que não pode faltar
Murmuro saudades de noite abanando
Teu leque de estrelas
Belém do Pará!"

Edyr Proença e Adalcinda
Fotos: Divulgação do site www.belemdopara.com.br

REGISTROS PELAS LENTES DO MEU CELULAR

Imagens: Denis Sarges e Rafael Souza